Microbiologia e Autismo Regressivo
Por Raquel Regina Bonelli ,6 de junho de 2012
Ainda que este seja um
quadro eminentemente neurológico, pesquisas recentes apontam indícios de
que a microbiota intestinal pode estar relacionada com o
desenvolvimento de autismo regressivo. É o que autores americanos
defendem em um artigo recentemente publicado na revista Anaerobe,
onde são apresentas três evidências experimentais desta correlação. A
primeira evidência foi obtida ainda no início dos anos 2000, onde o uso
de um antibiótico com ação sobre algumas espécies de bactérias que vivem
no trato intestinal levou à diminuição nos sintomas comportamentais do
autismo durante o tratamento. A suspensão do uso de antibiótico refletiu
na regressão das melhorias obtidas. Alguns anos depois, com o advento
de técnicas de identificação que não dependem de cultivo bacteriano, foi
observado que, de uma forma geral, há variações importantes nos gêneros
de bactérias prevalentes na microbiota de crianças com autismo avançado
em relação às demais crianças. Por fim, um gênero específico de
bactérias foi identificado como potencialmente importante no
desenvolvimento de autismo. Estes microrganismos estariam causando dano
de tecido por produzir um metabólito tóxico ou ainda utilizar
componentes da dieta que seriam essenciais para o desenvolvimento da
criança.
Assim, em ultima instância,
fatores genéticos (como perfil de susceptibilidade imunológica) e
ambientais (como dieta e uso de antimicrobianos) podem contribuir para
as causas do autismo regressivo através da influência na microbiota
intestinal. Muito há que se evoluir ainda na compreensão da patogênese
deste quadro, mas sem dúvida quanto mais a ciência puder compreender as
causas do autismo, mais eficientes serão também as estratégias de
tratamento e prevenção desta doença.
FONTE:http://www.microbiologia.ufrj.br/informativo/novidades-sobre-microbiologia/345-microbiologia-e-autismo-regressivo
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